Essa profissão de jornalista deve parecer muito glamurosa mesmo, vista de longe. Só isso explica que essa carreira seja a mais concorrida da Fuvest.
Fico pensando no que essa moçada imagina encontrar pela frente, quando resolve marcar essa opção para a vida deles. Minha teoria é que o modelo mais visível que há hoje no Brasil é o do casal 20 da TV brasileira: William Bonner e Fátima Bernardes.
Será?
Tem gente que acha que o nosso País está em um momento positivo, bacana, em que a reportagem volta a ter a possibilidade de reviver seus momentos áureos. O Ricardo Kotscho acaba de dizer isso em um bate-papo promovido pelo Comunique-se. Ele deve ter as razões dele para achar isso. Eu confesso que sou mais pessimista. Vejo amigos e amigas altamente talentosos vivendo momentos críticos, profissional e financeiramente falando. O que é bem triste, especialmente nessa época de festas de fim de ano... O próprio Kotscho admitiu que depois de 40 anos e profissão, ele recebe hoje menos do que 4 salários mínimos! Vive de dar palestras e dos direitos autoriais de seus livros.
Não sei não.
Minha filha passou para o segundo colegial (com sete "As", by the way) e ela nem cogita em seguir a carreira de Comunicação. Até mesmo por ter acompanhado a minha atribulada vida profissional, em que consegui me fixar no máximo 3 anos em um emprego. Quando comecei a trabalhar, o jornalismo era visto quase que como uma "religião" no sentido da dedicação que era preciso ter pela carreira. Jornadas de trabalho sem horário definido, praticamente sem folga, em que o trabalho deveria vir em primeiro, segundo e terceiro lugares. Depois? O resto, incluindo a família e o próprio salário, visto como um mero "detalhe" para quem levava a vida em contato com o Poder, ou com as Celebridades, ou com os famosos Jogadores de Futebol, ou viajando pelo mundo.....
Quando fui trabalhar na Folha, me disseram que o emprego deveria vir em primeiro lugar na minha vida, com todas as letras. Naquela época meu filho tinha 7 meses. Adivinha qual foi minha escolha?
Agora, acho que as coisas estão mais "light" nesse aspecto, pelo menos, o do equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Mas o mercado está ainda mais competitivo, e a maior parte dos jornalistas que se formam são "empurrados" para assessorias de imprensa. Já dei aqui minha opinião sobre esse tipo de atividade, um pouco polêmica, inclusive. Sabe aquele slogan americano "one size fits all"? - eu não acho que a assessoria de imprensa seja o lugar mais confortável para um jornalista trabalhar. É como aquela roupa que não serve direito no comprimento ou na largura. Acredito que o jornalista pode dar sua contribuição, etc e tal. Mas existe a possibilidade de se frustrar. Porque press release é uma coisa e reportagem é outra, bem diferente.
E você? Como enxerga essa profissão?? Acha que esses meninos e meninas que entram agora na faculdade de jornalismo terão "futuro"?
Se correrem atrás e abraçarem a profissão como alguém que realmente tem paixão pelo que deseja fazer na vida, poderão ter um bom futuro, sim.
ResponderExcluirTudo é uma questão de prioridades. Há quem termine a faculdade sem saber direito o que quer da vida. Há também quem se diga jornalista, mas somente dentro da empresa. Ou seja, não têm o jornalismo no sangue, não têm sede de informação. Esses, na minha opinião, vão penar um bocado (se é que irão conseguir alguma coisa na área).
O que vejo atualmente é muita gente reclamando sem ter razão, achando apenas que o mundo foi injusto com eles, entre outras bobagens. Quando o problema é apurado, a gente vê que a causa está no próprio indivíduo, que passou o tempo todo acomodado, esperando as coisas caírem do céu.
Posso ser um pouco radical, mas pergunte a qualquer jornalista que esteja parado há tanto tempo o que ele tem feito para se aprimorar na profissão. Quantos desses estão antenados com as novidades que envolvem o jornalismo online? Quantos desses sabem inglês? Quantos sabem lidar bem com a Internet?
Enfim, isso gera assunto para mais dez posts, se você quiser.
Acho que pior até que as pessoas talentosas que não conseguem uma colocação, são as pessoas sem talento algum que vemos em altos cargos de chefia, com ótimos salários. Não existe critério no jornalismo, isso é que é triste. Enquanto que em outras profissões você pode se dar bem por ser bom naquilo que faz, por se destacar, no jornalismo essa não é a regra. Tenho dó desses vestibulandos.
ResponderExcluirSilvia, admiro muito os jornalistas, principalmente de rádio e jornais.
ResponderExcluirA gente fica imaginando, como são as pessoas, tão inteligentes que falam diariamente, que chegam a ser um fetiche.
:)
Oi Silvia!
ResponderExcluirEstava revendo umas anotações no meu caderno de palestras da Unicsul e achei anotações da que você fez no campus Anália Franco. Foi uma ótima palestra! Anotei o endereço do seu blog e agora prometo passar sempre por aqui!
Esse assunto do seu post você também levantou na palestra, sobre o futuro do estudante de jornalismo.
Eu não sei que futuro o jornalismo vai ter e talvez seja isso o que mantém essa atividade mais fascinante e ao mesmo tempo, traiçoeira e cativante. Num futuro não tão distante, o jornalista vai ter de encarar novos desafios, mais difíceis e por isso ainda mais sedutores. Com as novas tecnologias da comunicação e a interatividade que automaticamente lhe associa, a tarefa da informação e da formação de opiniões será divida cada vez mais por emissores e receptores e, a possibilidade do jornalismo perder o monopólio da informação não pode ser descartada. Apesar de tudo, deve ser por isso que a irresistível descoberta do novo território jornalístico reside nos meus sonhos e nas pessoas que ingressam nessa aventura do mundo da informação, o jornalismo. Como estudante ainda, consigo atuar na área uma vez ou outra. É preciso persistência e ter o jornalismo no sangue.
É o que acho!
Beijos!
ps. Visite o meu blog quando puder: malagueta.wordpress.com
Amanda Gelumbauskas