Nesses anos todos, o jornalismo me proporcionou um monte de coisas boas, ótimas. Viajei (pelo Brasil e para as gringas), aprendi muito, tive que me virar no inglês, Conheci um monte de gente legal.
Mas a carreira também me reservou surpresas desagradáveis, decepções, frustrações, inimizades, puxadas de tapete para as quais eu nunca estive preparada.
Mas eu imagino que nisso tudo o jornalismo não se diferencie de nenhuma outra carreira. Eu era para ter sido psicóloga. Abandonei o curso quando já estava no terceiro ano, na PUC, onde minha filha estuda hoje.
Fui fazer cursinho e entrei na ECA-USP. Foi a glória. Mas desde o curso, eu já me decepcionei: professores pedantes e cheios de si, que mais se vangloriavam do que ensinavam... Pouco se salvam na minha memória distante. Um deles, em especial, com quem eu mais brigava e de quem eu mais reclamava, foi o que mais me ensinou, admiti bem depois. Ele pegava meu texto (que eu achava perfeito) e rabiscava inteiro com caneta vermelha. Que ódio!!! Mas depois vi que foi ele que me ensinou a fazer um lead enxuto, objetivo.
E depois descobri que para ser um excelente jornalista não precisa saber escrever direito, embora ajude. Bom, o fato é que não me considero uma excelente jornalista. Sou mais uma "marginal" - ainda mais depois de tanto tempo em assessoria de imprensa.... Mas não reclamo (mais). Entendi que o que importa é ter um trabalho digno, honesto, em que a gente aprende a valorizar as pequenas conquistas, as pequenas vitórias. Quando sai a matéria, foi outra pessoa que escreveu, falando do seu cliente.
- Mas não sai o seu nome? - poderiam perguntar, na inocência, seu pai ou sua mãe.
Quem tem vaidade deve procurar outra carreira. Porque quando você faz jornalismo, com raras exceções, você vai acabar "caindo" em uma assessoria de imprensa e então... prepare-se. A natureza do trabalho é outra, seus objetivos e compromissos são outros.
Mudar o mundo? Isso é coisa de super-heróis e você, definitivamente, não é um. Ainda que tenha que equilibrar a rotina do escritório com a doméstica... Que raiva que dá quando o segurança te deseja "bom descanso" no fim da sua jornada de trabalho! Como se você fosse descansar ao chegar em casa. E quem vai fazer a janta??
Bom, por essas e por outras, este 7 de abril não significa tanto assim pra mim. Eu poderia falar mais um monte de outras coisas aqui neste texto... sobre a máquina de escrever, por exemplo (tive uma igualzinha à que ilustra este post). Mas acho melhor não.
Agora, depois de tantos anos, estou fazendo o curso de atendimento fraterno no centro espírita onde trabalho. Simbolicamente, representa meu retorno à Psicologia. E tudo volta ao mesmo ponto de partida.