quarta-feira, outubro 29, 2008

Pasta de elogios

No frio e competitivo ambiente corporativo, elogios são artigo de luxo. Então, estabeleci comigo mesma uma prática que tem me ajudado a enfrentar aqueles momentos difíceis, que mais cedo ou mais tarde todos temos que atravessar. Em todo lugar onde trabalho abro uma pastinha no Outlook para onde arrasto os eventuais elogios. Quando dá aquela crise de auto-estima baixa, ou quando os problemas chegam (e eles sempre chegam), vou até essa pastinha, leio alguns elogios e volto para a realidade. Isso me ajuda. Talvez ajude mais alguém. O ser humano é movido a elogios. Embora as broncas sejam bem mais comuns.

quarta-feira, outubro 22, 2008

O quase prêmio

Lembra que eu contei que estava na final do Prêmio Imprensa Embratel? Então, foi ontem a festa de premiação lá no Rio de Janeiro, aquela cidade maravilhosa, e vc, se vê a Globo, deve ter visto a emissora se gabar de ter ganho o Prêmio em algumas categorias.

A minha categoria era TI, Comunicação e Multimídia - Veículo especializado. Misturar TI, Comunicação e Multimídia já me parece algo meio forçado. Mas tudo bem. Foram 62 inscrições e eu fiquei entre as três finalistas, junto com a Roberta Gonçalves, que escreveu uma matéria bárbara sobre como a tecnologia pode ajudar na área de saúde.

Lógico que no fundo eu tinha uma esperança de que talvez o sucesso sorriria para mim, que sempre tive uma carreira tão instável e me torturei durante dias com o que eu falaria se subisse ao palco. Que roupa usaria? O que faria com o dinheiro do premio? Confesso que todas essas dúvidas me assaltaram nos últimos dias e obviamente que fiquei decepcionada por não ter sido escolhida.

Por outro lado, fiquei aliviada por não ter que subir naquele palco e encarar aquela platéia que lotava o Canecão. Não sou boa com multidões (na verdade, nunca encarei uma assim tão grande na minha life).

Agora, lá vão as minhas considerações, um pouco ácidas, as minhas análises de pessoa um tanto quanto decepcionada com a carreira.

O júri preferiu quase sempre premiar matérias com tom de denúncia, que enfocavam o drama de pessoas "esquecidas"pela sociedade, ou que falavam de violência, crimes, esse tipo de coisas. Matérias que parei de ver há tempos, em decorrência das minhas crenças espirituais.

Eu acredito que se a imprensa procurasse seguir justamente o caminho inverso, ou seja, falar das boas iniciativas que deram certo, das pessoas do bem, dos políticos honestos, das ações de caridade, então o mundo poderia de fato melhorar.

Uma das matérias "resgatou" um atleta do passado de seu presente triste, e conseguiu doações que o ajudaram a ter tratamento médico e a melhorar de alguma forma a sua vida. Nesse tipo de jornalismo, sim, eu acredito.

Acredito que denunciar por denunciar, esperando que o governo ou "alguém" faça alguma coisa não leva a nada.

No meu "discurso" ensaiado mentalmente, eu ofereceria o prêmio à minha neta, meus filhos (o que engloba a Rafa), meu marido, meus pais e diria que o prêmio tem muito significado para mim, que, depois de uma carreira extremamente instável, chegava até ali, provando que é possível equilibrar carreira e vida pessoal. "Porque eu nunca negligenciei minha vida pessoal em detrimento do trabalho e me orgulho disso", teria eu dito, caso tivesse subido naquele palco.

O problema é que eu mesma não sei se acredito nisso, hoje. O jornalismo - acredito eu - é uma das piores careiras porque exige que o jornalista enxergue a sua profissão quase que como uma religião. É preciso acreditar na profissão, no seu poder, no status que ela proporciona. O que tinha de jornalista ali convencido de que era o máximo, o rei da cocada, ou então aquela que é casada com o editor... Dúvida: porque no jornalismo o nepotismo, ao invés de ser condenado, é incensado? Não entendo isso.

Outra observação: poucos jornalistas acreditam em Deus. Apenas uma jornalista "lembrou-se" de agradecer a Deus aquele momento de glória que ela vivia.

Eu acho que optar sempre pelas matérias de denúncia é um buraco sem fundo em que o jornalismo se perde. O jornalismo poderia ter um papel mais efetivamente transformador da realidade se voltasse seus olhos e suas pautas não para o lado negativo da sociedade, sob pena de reforçá-lo ainda mais, mas para o lado positivo, o lado da Luz (e não das trevas...).

Sei que vou ser muito incompreendida por esse meu ponto de vista, que pode parecer "alienado", ou talvez muito "Poliana" demais. Porém, insisto, é preciso pautar matérias que falem do lado bom da Humanidade, de solidariedade, de amizade entre vizinhos, do pessoal que mora na favela mas é "do bem".

É preciso falar da gentileza, da delicadeza, dos bons exemplos, para que eles sim sejam copiados e reproduzidos em todo o nosso País, sem esperar pelo governo, por ninguém.

Os jornalistas que buscam as pautas focadas da violência, nos crimes e no lado negativo da realidade têm a ilusão de que os Homens estão abandonados por Deus à sua própria sorte. Mas não estão.

Eu acredito que nada nesse mundo é por acaso. Talvez aquela platéia não recebesse bem essas minhas idéias um pouco "subversivas". Mas eu acredito, no fundo da minh'alma, que estamos aqui com a finalidade de aprendermos a amar uns aos outros, a fazer pelos outros aquilo que gostaríamos que fizessem a nós. Desse jeito, sim, o mundo poderia mesmo melhorar rapidamente.

Eu sei dizer que o dia foi ótimo, almoçamos no chiquetérrimo Garcia & Rodrigues, no Leblon, e o Rio de Janeiro continua lindo.

Também notei uma coisa engraçada: os cariocas têm orgulho de serem cariocas, né? Já os paulistas e os paulistanos.... parece que têm vergonha de serem assim tão sem graça. E posso falar isso, pois sou paulista e paulistana.

Bom, falei demais, e não dá pra atualizar muito isso aqui, sorry... Agora em vez de emprego quíntuplo, como já entreguei minhas matérias, estou com tarefas quádruplas. Rsrsrs.

terça-feira, outubro 14, 2008

Alucinadamente


Tô trabalhando alucinadamente. Normalmente não gosto de usar o blog pra "desabafar", mas hoje vou abrir uma exceção, mesmo porque o blog é meu e eu faço aqui o que eu quiser.


Minha vida profissional está quíntupla!!


1) Estou cobrindo as férias de uma amiga em uma assessoria de imprensa de uma daquelas "gigantes" de tecnologia. Enquanto ela descansa na Europa, eu ralo na check list do que tem pra fazer p/ a Futurecom! Será que vc consegue imaginar uma to do list diária com uns - digamos - 30 itens? E o salário, ó... Mas adoro as pessoas e o trabalho é "confortável", por ser meu velho conhecido. E acaba no fim deste mês.

2) Faço um projeto de Comunicação Interna para outra empresa de tecnologia e amo esse trabalho. Tenho enorme prazer em escrever matérias sobre gente comum, gente como a gente. É muito bacana. Mas hoje descobriram um erro no material que veio da gráfica. Trocaram o nome de uma pessoa - era um erro que eu não poderia ter identificado, pois não conheço todos os funcionários. Enfim... c'èst lá vie. Tenho um contrato de 2 anos com eles, mas um ano já se foi. Pagam muito bem.

3) Continuo colaborando com o lugar para onde eu trabalhava com salário fixo até agosto. Não dá pra virar as costas. E continuo tendo dificuldades com o estilo do chefe. Pagam muito mal.

4) Estou fazendo frilas para uma revista de telecom. Tinha duas matérias para entregar hoje, uma de 10 mil caracteres e outra de 4500. Será que alguém tem noção do trabalho que dá?? Pagam relativamente bem e eu aprendo muito, adoro fazer entrevistas com pessoas inteligentes, adoro escrever sem ter que pedir pra ninguém aprovar nada (coisa que não acontece em nenhum dos itens anteriores).

5) E tem o jornal do centro espírita que eu freqüento. Não recebo nenhum pagamento "material" para fazer, mas espiritualmente, faço meu "tesouro no céu" - tudo bem, tesouro é um exagero. Um cofrinho daqueles de porquinho, no máximo, rsrsrs.


Entendeu porque eu sumi do seu blog? Quase meia noite, preciso dormir.





quinta-feira, outubro 02, 2008

Ser do contra

Quando eu fiz Psicologia na PUC (calma, não me formei, foram só dois anos e meio até eu perceber que não poderia ter um "paciente"), tinha uma matéria com o pomposo nome de Problemas Filosóficos e Teológicos do Homem Contemporâneo, mais conhecida como PFTHC. Ela queria ensinar a gente, um bando de meninas em torno dos 18 anos (eu ainda tinha 17) a ter uma tal de "consciência crítica da realidade". Eu já tinha estudado no Equipe, então já tinha uma idéia sobre isso. Mas na PUC a coisa foi reforçada. Basicamente, essa disciplina me ensinou a não aceitar as coisas sem questionar. Acho que todas as faculdades deveriam ter uma disciplina como esssa no primeiro ano.
Mas toda essa introdução nostálgica (nariz de cera) foi pra falar sobre o protesto que os cegos estão fazendo contra o filme do Fernando Meirelles "Ensaio sobre a Cegueira". Querem até fazer boicote ao filme!! Fiquei indignada com isso. Não vou falar o que pensei, porque é um pouco cruel. Mas a questão é que o filme é maravilhoso e de maneira nenhuma coloca os "cegos" como "monstros", conforme alegam os que protestam. Existe gente do bem e do mal, quer sejam cegos ou não, uma coisa não tem nada a ver com a outra. Acho muita ingenuidade, ou muita exacerbação do "politicamente correto", essa atitude de alguns cegos norte-americanos contra o filme. Cada uma!!
O filme é uma metáfora sensacional maravilhosa. Outro dia vi um documentário sobre o making off do filme, e via a reação emocionada do Saramago quando as luzes da sala se acenderam. Foi maravilhoso para ele ver seu filme retratado na tela com tanta poesia. A violência nunca é gratuita e é mostrada de forma quase sutil. A fotografia é esplendorosa, a trilha sonora casa direitinho com as imagens e com a história. O filme é chocantemente surpreendente, foi produzido de forma altamente profissional e àbsolutamente não merece esse tipo de recepção em território norte-americano.
Conclusão: ainda que eu acredite que seja importante conservar essa visão crítica da realidade, vamos com calma, né pessoal? Uma coisa é uma coisa e outtra coisa é outra coisa. O filme é maravilhoso e respeita os cegos. E ainda tem final feliz, o que pra mim é fundamental. P/ que a gente saia do cinema sob o impacto dele, mas com esperança de que tudo pode acabar bem.
E só mais uma coisinha: num desses livros de auto-ajuda ou de neurolinguística, aprendi uma coisa bacana. Se a gente quer reforçar o lado positivo das coisas, lutar contra o lado negativo não vai ajudar, ao contrário, apenas vai reforçar aquilo que queremos combater. Melhor reforçar o lado positivo, para que o negativo se anule. Será que fui clara?? Acho que não... Mas o tempo esgotou, outro dia explico melhor.