sexta-feira, agosto 29, 2008

Um pouco de ficção

Olha, não sei se tenho talento pra ficção. Mas gostei de escrever esse conto aqui. Ah!! Se eu pudesse / soubesse ganhar dinheiro com isso... Eu chutaria essa minha profissão de jornalista pra beeeeeeeemmmmmm longe. O bom de ter um blog é isso: faço o que eu quiser aqui, o que me der na telha!! (essa gíria que usei denuncia minha idade avançada, hahaha)

Só mais uma coisinha: ontem e hoje saíram notas que escrevi no site da Teletime e eu tô curtindo muito esse mercado de telecom! (não dá pra botar link, é conteúdo fechado, e nem tem meu nome, então, relaxa, e me fala o que achou do meu conto, com nota, por favor).

O primeiro (e o segundo) amor

Na rua onde eu morava quando era pequena havia duas irmãs gêmeas: Deise e Denise. Elas eram lindas. Loiras, de cabelo comprido, ondulado, emoldurando o rosto fino e delicado, iluminado por olhos azuis muito claros. A pele branquinha, as duas eram muito legais e todo mundo na rua gostava delas.

Toda tarde, depois que chegávamos do colégio, a gente ira pra rua brincar de queimada, esconde-esconde e pega-pega. Havia muitas outras crianças também, de modo que era uma festa! Na hora de entrar pra jantar, ninguém queria. Mas elas eram obedientes e bastava que a mãe delas chamasse uma vez e iam embora.

Parecia que nada poderia acabar com aquela felicidade infantil, da gente.

Mas logo a adolescência chegou e começaram as paqueras. Meninos e meninas que antes brincavam juntos, passaram a se enxergar de maneira diferente.

O garoto mais bonito da rua se chamava Edson e as gêmeas também gostavam dele. Ele era alto, forte, moreno, de olhos verdes. Praticava esportes e costumava viajar nos fins de semana pro Guarujá. Então, ainda por cima, era bronzeado. Mas não é só isso. Ele também era legal. Sabe aquele tipo que ajuda as velhinhas a atravessarem a rua? Que dá um prato de comida ao mendigo da vizinhança? Que ajuda os mais velhos a carregarem a sacola pesada? Esse era o Edson, sempre procurando ajudar os outros.

Lógico que ele percebia que tanto a Deise quanto a Denise gostavam dele. Muitos de nós confundíamos as duas. Mas o Edson sempre foi mais observador, e logo percebeu que a Deise tinha uma pintinha do lado do olho direito, que a Denise não tinha. Não sei se foi por isso que ele escolheu a Deise. Vai ver, ele achava que aquela pintinha dava um charme especial. Sei lá. Eu mal enxergava aquela pintinha minúscula.

Eu só sei que as duas irmãs, que sempre foram tão amigas, começaram a estudar em horários diferentes na escola. Deise ia de manhã e Denise à tarde. Nunca mais usaram roupas da mesma cor. E a gente passou logo a diferenciar as duas. Porque a Deise estava sempre sorridente, como sempre. Mas a Denise andava com uma cara emburrada, quase não conversava mais com ninguém.

Ninguém entendia porque ela tinha mudado tanto. Mas aos poucos fomos percebendo. Denise ficava ainda mais brava quando via os dois de mãos dadas, passeando pelo bairro: Deise e Edson.

Havia na vizinhança um outro menino, o Cláudio, que era o oposto do Edson. Mal-encarado, ele cabulava as aulas e sempre procurava o ponto fraco de alguém pra inventar um apelido que deixava aquela pessoa chateada. Uma era sardenta, o outro, narigudo, Vivia apontando os defeitos dos outros. Quem era aleijado, então, aí que ele não deixava barato. Fazia piada, ria alto, apontava na rua e a pessoa ficava sem graça.

Ele mesmo não era nenhum padrão de beleza: era meio gordinho, nem alto nem baixo, cabelos e olhos castanhos, um cara bem comum, sem nada de especial. Pois foi justamente ele que a Denise escolheu. Começou a paquerar o moleque e logo começaram a namorar.

Um belo dia, ele roubou o diário da Denise e o caderno de capa dura, encapado com um papel brilhante marrom, passou pelas mãos de toda a garotada. Foi horrível. Não tinha como não ficar sabendo da história da Denise. Ela confessava nesse diário que sempre amou o Edson, que nunca perdoaria a irmã por tê-la passado pra trás pra ficar com ele. Que mal conseguia olhar para a felicidade da irmã, e que elas mal se falavam.

No diário, estava também o plano dela: assim que completasse 18 anos (ela estava com 17) iria fugir com o Cláudio para bem longe dali. Ninguém nem iria sentir a sua falta. Não pretendia nunca mais voltar àquele bairro, e não iria falar com mais ninguém da família dela.

O problema é que a garotada da rua – apesar dela achar que não – gostava dela. A gente lembrava da menina que ela era antes de tudo isso acontecer. E o Cláudio, por mais sacana que fosse, também não tinha a menor vontade de fugir com ela e de assumir essa responsabilidade.

Enquanto isso, Deise e Edson – que também souberam dos planos de Denise – tentavam buscar uma forma de resolver a situação. Foi quando Edson fez uma confissão muito importante para Deise. Ele disse que também tinha um irmão gêmeo, o Eduardo. Nisso, Deise quase caiu da cadeira!

- Como assim, Edson? Como pode ser uma coisa dessas? Você nunca me contou sobre esse seu irmão!
- É que a história sempre foi escondida pela minha mãe, Deise. Ela tem vergonha do que teve que fazer. Quando nós nascemos, mamãe foi abandonada pelo marido, nosso pai, e não tinha como cuidar sozinha de dois bebês, aqui em São Paulo. Então, ela deixou meu irmão aos cuidados da minha avó, que mora em Recife. Depois, ela se casou de novo, fomos lá buscar meu irmão, mas ele já tinha 9 anos e não quis sair de perto da vovó, que sempre o criou. Nós conversamos sempre. Eu sei que ele também está triste por lá. Faz dois meses que vovó morreu, e ele não tem mais vontade de ficar lá. A vinda dele está programada para o próximo fim de semana.

A história do irmão gêmeo de Edson também se espalhou pela vizinhança, mas todos concordaram em não contar nada para Denise, que já tinha brigado com o Cláudio, por causa do diário. Lógico que ela nunca nem sonhou que todo mundo ficou sabendo dos segredos dela. Até então, ela achava que apenas o Cláudio tinha lido as suas confissões.

Daí, o pessoal resolveu fazer uma festa surpresa para comemorar a chegada do Eduardo, naquele sábado. Denise não queria ir nessa festa de jeito nenhum. Ninguém contava o motivo da festa pra ela e ela começou a achar que seria a festa de noivado da sua irmã. Mas todo mundo insistiu tanto pra ela ir, que ela resolveu dar uma passadinha lá.

O salão do clube estava todo enfeitado, com luzes coloridas e o DJ era bem bacana, o som estava animado. Denise até abriu um sorriso, depois de tanto tempo.

- Ah, quer saber! Chega desse ciúme bobo. Vou é começar a paquerar de novo e quero mais é dançar muito e me divertir – ela falou pra mim.
- É isso aí, garota. Que bom ter a nossa querida Denise de volta à turma!

Nesse instante, o Eduardo entra no salão. Ela o vê (pensando ser o Edson) e seu coração dá um pulo. Por mais que ela tente controlar, não consegue tirar os olhos dele. E ele dela.

- Oi, gatinha, tá sozinha?
- Que foi, agora, hein, Edson, tá me estranhando? Daqui a pouco a minha irmã chega, pára com isso.
- Hahaha! Todo mundo confunde a gente.
- As pessoas confundem a minha irmã comigo! Mas você nunca nos confundiu! Como assim “confundem a gente”? Do que você tá falando?
- Muito prazer, meu nome é Eduardo, disse ele com aquele sotaque nordestino, estendendo a mão para Denise.
- Ah, tá bom! E o meu é Princesa Fiona!
- É verdade, sou o Eduardo, irmão gêmeo do Edson e estou chegando hoje a esta cidade. Você pode me levar para conhecer as redondezas? Prometo que te explico tudinho!

Lá vem ele de novo com aquele sotaque super charmoso! Ele repete toda a história do incrível irmão “perdido” para a Denise. Nisso, ela já tava até com as pernas bambas, sem querer acreditar no que via e ouvia.

E assim termina essa história fantástica sobre o ciúme. Nem preciso contar a continuação, né?

quarta-feira, agosto 27, 2008

Consagração + Crise

Na verdade, eu ando meio chateada com os rumos que minha vida profissional tem tomado, ultimamente. Beeem chateada, vou confessar. Fui comunicada, de um dia para o outro, que meu contrato de trabalho na Conteúdo Editorial mudaria. Da água p/ o vinho. Tipo assim (simplificando): ganhar a metade do que ganho, trabalhando o mesmo tanto... que tal?? Neste mês, eles vão me pagar minhas férias e eu - obviamente - continuo trabalhando. Por isso que digo que férias são um luxo reservado a poucos.

Mas a vida nos traz alegrias, mesmo nos momentos mais críticos, né? E a "consagração" de hoje chegou por e-mail. (acho que a maioria entende inglês, I hope)

Hi Silvia, Thanks for your email. It is good to hear from you. I did see the banner/ poster in the Lenovo office in Campinas and I loved it!! I am going to suggest to my colleagues here that we try to create something similar as well! I will send you the information you request by the end of the day today. Thank you.

Seguinte: ela é uma executiva norte-americana que até tirou foto do meu trabalho p/ levar para a "matriz". Meu sonho dourado/prateado é pegar mais projetos como esse. Mandei email pedindo informações para fazer uma nota para o banner a que ela se refere. E ela me vem com esse elogio tão espontâneo!! Trata-se de os EUA "comprando" uma idéia made in Brazil. Isso é fantástico! Fala sério.

Ando cansada, física e mentalmente. Preciso muito de férias.... Nem sei quando foi que saí de férias nas últimos anos. Acho que foi em 2004, antes de ser demitida da Item. Eles me informaram que iam me dar férias também de um dia para o outro. Então, não viajei, não havia nada planejado. Ando em um daqueles dias em que a pessoa precisa desabafar, sabe?

Eu não fico revoltada, não, porque sei que nada é por acaso. E que se uma porta se fecha, outras podem se abrir. Mas triste, eu fico. Afinal de contas, tenho pesadíssimos 50 anos nas costas e não imaginei que estaria nessa luta tão ferrenha, com essa minha idade. Certamente deve ter uma razão pra isso. Também fico imaginando se eu não deveria ter acabado a Psicologia (entrei na PUC com 17 anos, mas desisti... e fui fazer Jornalismo).

Pensamentos como "por que comigo, de novo??" me assaltam a mente, e eu tento combatê-los com meu melhor ânimo. Mas confesso que ando meio impotente, enfraquecida. Fico me perguntando "onde foi que eu errei? Onde é que eu erro sempre? Por que repito os mesmos erros??" Pode ser que minha autoconfiança seja um pouco exagerada. Quem me vê não diz. Mas eu "me acho", vai ver, né? Acho que escrevo rápido e bem, mas essas não são as únicas qualidades buscadas em um profissional da minha área. Não leio nas entrelinhas, não sou política, não sei puxar o saco de ninguém. Não acho que eu esteja errada. Eu simplesmente sou assim, fazer o quê?

Não costumo "usar" meus blogs p/ desabafar. Ninguém tem nada a ver com os meus problemas, né? Mas dessa vez, o post saiu desse jeito tosco e peço que me perdoe pelo baixo astral. Preciso me fixar no email acima, ler várias vezes, pra ver se melhoro de ânimo e continuo na luta (ou seria guerra??).

Sabe aquele pensamento positivo especial, que peço a você de vez em qundo?? Dessa vez tô precisando muito. Admito, humildemente. E lanço ao Universo essa minha tristeza, para que ela se modifique, em um processo de alquimia virtual, e que se "evapore" da minha vida, de uma vez por todas.

Obrigada pela atenção dispensada e espero voltar em breve, com boas notícias.

quarta-feira, agosto 06, 2008

Diretamente de Angola


Meu amigo Paulinho (Paulo Araújo ou Francisco Paulo) está há um mês em Angola. Ele apareceu aqui no blog quando almoçamos juntos para que ele conhecesse a Haydèe, também amiga, também jornalista, que nos apresentou, mas que não o conhecia pessoalmente, apesar de amigos há loooonga data.

Chegou agora um email dele contando coisas sobre o País. Acho legal dividir com o público aqui do Efeito Pimenta, pois é bem aquela coisa de "bastidores da notícia". Ele foi trabalhar naquele jornal de economia que foi lançado lá em Angola, sabe?

Bom, deixa ele falar:

Queridos amigos,
Quase um mês depois de ter chegado aqui, envio um longo e-mail sobre as minhas impressões de Angola. Desculpe qq erro de digitação, concordância etc.
abs
Francisco Paulo
A COMIDA
Muita batata, mandioca, caldos, um tipo de pirão, feito de milho branco, chamado "funge" (a angolana está pronta para casar quando sabe fazer um bom funge), peixes à vontade, enfim, feijão, arroz, comida para quem precisa de muita energia para enfrentar jornadas exaustivas e muito calor. Nas ruas, as zungeiras (ambulantes) vendem de tudo: bananas, laranjas, abacaxis (ananás), verduras, legumes. O café é saborosíssimo (Angola já foi o quarto produtor mundial) e os doces, herança boa dos portugueses, de morrer de felicidade.
O CLIMA
De maio a setembro, a corrente marítima que vem do sul faz os angolanos viverem um tipo de inverno agradabilíssimo, chamado de "cacimbo". É preciso usar casaco à noite, o céu fica completamente cinza durante o dia e, na hora do pôr do sol, o astro-rei dá um verdadeiro espetáculo, banhando-se no mar em formato de bola de fogo amarela. Aqui é possível fitar diretamente o sol e não ficar cego. Ele é tão lindo quanto a lua, uma verdadeira "Lua Valda-Esso".
A CAPITAL
Não se sabe se são 4 ou 6 milhões os habitantes. No país todo, talvez 14 milhões, numa area do tamanho do estado do Pará. Luanda é, foi e sempre será um cidade belíssima. Uns já chamaram-na "Rio de Janeiro de África" ou a "Lisboa dos Trópicos". De fato, há uma baía majestosa, uma ilha finíssima que corre defronte e dois níveis de terreno, tal qual em Salvador, que permite-nos ver o mar de praticamente todos os sítios e esplanadas. Estamos exatamente no mesmo paralelo de Recife. Morar no centro é bom, por causa do trânsito louco. Na Zona Sul, há dezenas de condomínios fechados onde mora a maioria dos brasileiros. Lá também fica o único shopping da cidade, exatamente igual a todos os shoppings do mundo. Tem lojas da MOfficer e livraria Nobel.
A ARQUITETURA
Portuguesa, colonial, com casarios imponentes, quintas afastadas, sobrados e edifícios com toques modernistas, típico dos anos 1960. Não há uma só caixa d'água na cidade, pois aqui copiou-se a tecnologia americana de pressão hidráulica para abastecer as casas. Não havia garagens para carros. Todas essas casas, vale lembrar, foram abandonadas às pressas em 1975 e ocupadas por pessoas que nunca tinham usado pia, sanitário, elevadores etc. Tudo precisa de reparos hoje. Alguns imóveis foram demolidos pra dar lugar a prédios novos, construídos initerrupitamente dia e noite por chineses. Junte-se o trânsito caótico e as gruas, que contam-se às dezenas, e têm-se um cenário que um reporter da Folha de São Paulo um dia batizou de "Blad Runner". Nos primeiros dias, é isso exatamente que Luanda parece. Não deve haver no Brasil nada parecido – talvez o edifício San Vito, ao lado do Mercado Municipal de SP, seja apenas um pequeno ensaio de como as pessoas moram mal. Mas basta ter boa vontade e educar os olhos que as belezas começam a pulular em todos os cantos. Os azulejos, por exemplo, são tão belos ou mais do que os do Convento de São Francisco, em Salvador. Em pouco tempo, já estamos apaixonados pela cidade.
O TRANSPORTE
Não há ônibus ou taxis do tipo que conhecemos no Brasil. Ou têm-se carros (que aqui são muito baratos e das melhores marcas do mundo) ou anda-se de "candonga" um tipo de kombi da Toyota, sempre na cor azul . Andam superlotadas, em alta velocidade, e não tem escrito na frente para onde seguem. Muita coisa dá para resolver a pé.
DOENÇAS
Sofre-se muito ainda de febre amarela (Paludismo), diarréia e outros males tropicais. É preciso estar atento a higiene dos alimentos. Os mais radicais não bebem nada com gelo, com medo da procedência da água. Mosquitos infernizam a gente à noite, mas nada que um ar-condicionado ou repelente não evite.
A HISTÓRIA
Os portugueses exploraram Angola desde muito antes de "descobrir" o Brasil e assim o fizeram até 1975. Uma guerra de libertação nacional já choacoalhava o território desde 1961, levada a cabo por 3 grupos rivais queriam ficar no poder depois que os portugueses se retiraram no bojo do final da ditadura de Salazer. Não houve uma transferência de poder planejada, mais de 800 mil pessoas foram embora em menos de 1 ano, na maior ponte áerea da história da humanidade, e deixaram para trás tudo que não puderam embarcar em navios ou aviões – que pousavam no aeroporto de Luanda a cada 5 minutos e chegavam a levar até 400 passageiros só com a roupa do corpo, no corredor, nas cabinas, nos lavatórios, onde fosse possível escapar. Muitos seguiram para o Brasil. A maioria tinha nascido em Angola, nunca pusera os pés em Portugal, e foi recebida da pior forma possível na terra de D. Sebastião. Ganharam a alcunha de "retornados" e a eles se creditaram todas as mazelas que assolavam o país depois de décadas de ditadura. Duas décadas depois, foram esses "retornados", experimentados no comércio e indústria que sempre praticaram em Angola, que fizeram Portugal crescer e entrar para a Comunidade Européia. Muitos voltaram à Angola e ainda travam embates antropológicos diários com os locais. Feridas são abertas o tempo todo em bares, ruas, praias. Dia desses uma portuguesa confessou: "Se não fôssemos nós a estar cá 500 anos, estariam ainda a viver em cabanas e a usar tamancos de madeira". O povo angolano é educadíssimo, dá bom dia, obrigado e é gentil o tempo inteiro, mas dificilmente nos olha nos olhos. Sinal ainda de submissão ao branco colonizador? Gostaria que não fosse. Cuba sempre Ajudou Angola a se libertar de Portugal e a mandar medicos e professores para cá. A influência do basquete e do andebol é visível nas ruas. Futebol também é muito jogado.
OS BRASILEIROS
São imensamente amados, principalmente quando comparados com os portugueses. Angolanos sabem quase tudo sobre o nosso país. Vêem mais de cinco novelas por dia, conhecem de cor nomes de cidades e estados. Quantas províncias há por aqui? Quem é o presidente? Quem é o grande cantor ou escritor angolano? Não sabemos. Já o contrario…tem uns que citam de cor as praias da Bahia ou os bairros do Rio de Janeiro. Há quatro vôos semanais ligando o Rio a Luanda. Vão e voltam absurdamente lotados de brasileiros (que voltam ao país a cada 3 meses) e de sacoleiras que fazem a alegria dos comerciantes da 25 de Março, em SP. A passagem delas pelos freeshop do aeroporto também é aguardada com expectativa, a cada 4 dias. Brasileiros mais abertos fazem logo amizade com angolanos.
A LÍNGUA
Nem de longe falamos igual aos angolanos ou, em ultimo caso, aos portugueses. São dois idiomas completamente diferentes, cuja unificação desejada pelo acordo ortográfico não vai dar certo nunca. Brasileiros aqui descobrem que falam "errado" até não mais querer. Mas errado sob que ponto de vista? Se for o de um país-continente que cresceu mais do que todos os outros que falam a mesma lingua, criou uma música original e faz a melhor televisão do mundo, não há nada de errado. Falamos "brasileiro", esse é o ponto. Mas aqui, motoristas ou vendedores ambulantes são verdadeiros mestres no uso das próclises, ênclises e mesóclises. Se os gauchos se orgulham de conjugar o pronome "tu" no tempo verbal correto, deveriam rever esse conceito.
AS MULHERES E OS HOMENS
São belíssimos, de deixar qualquer ser humano que se esfalfa para esculpir músculos em academias deprimidíssimo. As angolanas são altas, altivas, orgulhosas da beleza natural que têm, fazem do cabelo obras de arte e estão cada dia mais influenciada pela moda difundida nas novelas brasileiras. Pernas, barriga, bunda, tudo na mais perfeita hamonia. Os homens, por seu turno, chegam à velhice parecendo o Samuel L. Jackson ou o Morgan Freeman. Os ancestrais do Denzel Washington devem ser de outra parte de África. Vê-los todos em propagandas na tv, jornal e outdoors deveria ser um estágio obrigatório para os publicitários e diretores de arte brasileiros, que teimam em retratar o Brasil negro ou mestiço que somos cada vez mais como um metáfora da Suécia.
QUE BRASILEIROS SÃO FAMOSOS AQUI?
Thais Araújo, Lázaro Ramos, Netinho, Alcione, Emílio Santiago, Alexandre Pires, Roberta Miranda, Ritchie, Ivete Sangalo. No jornal de Angola todo dia há duas ou três notas sobre nossos cantores e atores. Em novembro, a TV Globo vai trazer a Banda Calypso para dar um show aqui em comemoração ao Dia da Amizade Brasil-Angola. E por que os angolanos gostam das músicas brasileiras? "Porque somos românticos", respondeu um.
POR QUE ANGOLA ESTÁ BOMBANDO?
Por que em 2002 a guerra civil que assolava o país desde 98 cessou. De lá para cá, a economia cresce a taxas inacreditáveis de 25% ao ano, em média. Petróleo (1,9 milhão de barris/dia) e diamantes (9 milhões de quilates em 2007, sendo que só 40% das reservas foram exploradas) são as duas principais indústrias de base. Mas ainda falta tudo na indústria de transformação. Resultado: tudo que consome-se aqui, exceto pouca coisa de agricultura, é importado. É a cidade mais cara do mundo para estrangeiros de acordo com o Banco Mundial. Uma rodada de pizza com 5 amigos bate fácil nos 100 dólares – moeda corrente aqui também, além do nacional Kwanza (a cotação é de USD 75 para cada 1 Kwz). Construção civil e qualquer tipo de consultoria (obviamente de qualidade) são as demandas mais intensas no país.
A MÚSICA
Três ritmos principais. O Semba, com "esse" mesmo, mais clássico, de bom gusto, recheado de histórias sobre o país e o amor. Paulo Flores é o gande nome. Faleceu dia desses, em Paris, Teta Lando, um grande cantor que ficou anos no exílio e nunca deixou de fazer música angolana. Tem também os ritmos Kuduro, mais da juventude, e o hap, cantando em português. A propaganda da cerveja Cuca é uma das canções mais bonitas que já ouvi.
AS PRAIAS
Tão lindas e de águas claras quanto as do Nordeste.
A BALADA
Concentra-se principalmetne numa ilha estreita e comprida, defronte à baía de Luanda. Há boates, bares, ótimos restaurantes e um frenesi intenso já a partir da quinta-feira. Mas prepare-se: a cada noitada, pelo menos 100 dólares dão tchau a sua carteira se o menor remorso. Fazer baladinhas em casa, então, é o mais acertado.

sexta-feira, agosto 01, 2008

Hebe e eu

Ontem no meio da tarde me chamaram na sala de reuniões e anunciaram que a partir de hoje (sim, vc leu certo, ontem e hoje) eu passo a receber por produção e não terei mais salário fixo.
Ainda não me falaram quanto vou receber pela tal produção... Só tenho garantido mais um salário inteiro, referente às férias - já que hoje completo um ano no escritório.
O fato é que os donos do poder ditam as regras e a gente (Hebe e eu) obedecemos...
Eu preferiria que a situação tivesse sido diametralmente oposta. Mas nem sempre as coisas saem do jeito que a gente planejou.
Talvez meu pensamento não tenha sido tão forte, tão positivo...
Em todo caso, estou cheia de planos, esperanças e algumas perspectivas.
Nada de concreto, por enquanto.
Portanto, acho que vou apelar para a mandinga do Marco Aurélio e pedir aos meus fiéis leitores que amarrem fios dentais nos mouses por mim. Parece que funciona... Vejam aqui. Claro que não tenho tantos leitores qanto meu amigo famoso da blogsfera, por isso meus poucos leitores precisam se esforçar ainda mais nas vibrações positivas.