quinta-feira, fevereiro 19, 2004

Maria Asap Soares
Para a Maria, tudo tem que ser asap (as soon as possible).
- Você me manda o relatório asap, que eu preciso devolver para o Fulano.
- Preciso da tradução asap.
- O relatório tem que chegar aqui asap.
A banalização da expressão é tanta que chegou a virar piada entre os colegas, que juram de pé junto que Asap é o seu nome do meio.
Ninguém mais leva a sério os seus asaps.
É relatório, release, resposta para e-mail, tudo, tudo, tudo asap.
Dois dias, até quinta, para a semana que vem, nada disso faz parte do seu repertório.
O release sai no prazo, mas capenga.
Se houvesse mais tempo para escolher as palavras e pôr as vírgulas nos lugares certos tudo ficaria melhor. Mas não.
E a cobrança vem por todos os lados; e-mail, telefone, e até messenger.
É uma chuva de asaps. Você é bombardeado por asaps por todos os lados.

Só que a vida não é assim. Uma gravidez dura nove meses, uma semente para brotar leva um tempo, até mesmo um jornal precisa de um dia pelo menos para ser produzido e distribuído.

A Internet pode ser a culpada por criar seres como a Maria Asap Soares. Tudo é online, agora, aqui. Ninguém pode esperar. Mas a verdade é que o tempo é um conceito muito relativo e o meu asap pode ser diferente do asap dos outros.

O que fazer primeiro? Concentrar-se em uma correção de uma tradução ou gastar um tempo pensando nas melhores estratégias para o seu cliente conseguir mais espaço editorial no relatório anual do clipping da empresa?

Aí, entra a discussão sobre o que é “urgente” e o que é “importante”. O equilíbrio é delicado, é difícil conseguir trafegar nesse limite.

Quem sabe um dia a Maria Asap Soares compreenda isso e só acrescente a antipática expressão asap ao quem for realmente asap.

quinta-feira, fevereiro 12, 2004

De novo!
Quem algum dia teve a oportunidade de ver o seriado “Família Dinossauro” pode pensar que o título aí de cima tem alguma coisa a ver com o personagem Baby. Não.
Trata-se do mais novo vício de linguagem corporativa presente em algumas empresas de tecnologia com tanta força, que vai da recepcionista ao presidente da empresa. Todos, sem exceção, usam a expressão quando querem enfatizar algum ponto da conversa.
“De novo, o importante é notar que....”
A origem da mania está no “again” que os americanos adoram enfiar nas frases, sem a menor necessidade.
É incrível como essas manias lingüísticas têm a capacidade de estragar a nossa língua.