terça-feira, outubro 19, 2004

Acho que a tarefa mais difícil de um assessor de imprensa é convencer o cliente que você não é responsável pelas vendas dele.


Assessoria = vendas
Está com dificuldades para vender o seu produto? Contrate uma assessoria de imprensa e seja feliz!
Até parece...
Quem não sabe que bicho é assessoria de imprensa confunde alhos com bugalhos e vira um verdadeiro samba do crioulo doido.
E durma com um barulho desses!

Três semanas de férias
Isso porque a chefe só queria dar duas... Mas acabou aceitando. Eu acho que assessor de imprensa mereceria ter dois meses de férias por ano. Afinal, esse nosso trabalho é o MAIS estressante do mundo.
Daí, na volta, a pessoa erra o caminho para o trabalho, na manhã do primeiro dia. Sintomático, isso. Essa pessoa queria estar vivendo uma vida diferente, andar e calça jeans, tênis e camiseta todos os dias, vestir um avental e ficar horas e horas montando desenhos com caquinhos coloridos, mas não. Só pode montar textos, colando as palavras sem graça umas às outras. Com horários e terninhos pra atrapalhar mais ainda...
Ai, ai.

terça-feira, outubro 05, 2004

Bom, como já fui anunciada, sou a nova colaboradora do Efeito Pimenta...

Sabe uma coisa que é duro agüentar? Assessoria gringa. Tem seu lado bom, já que geralmente as contas são bem bacanas (alinhadas com a matriz), pagam relativamente bem e em alguns casos até registram!

Mas o lado ruim, aliás, péssimo, é que geralmente você tem que se reportar a gringos que

a) não entendem como as coisas funcionam no Brasil
b) não conhecem a realidade das redações locais
c) acham que o Brasil ainda é um país de gente vagabunda

Então não é difícil cliente gringo querer um encontro com o presidente Lula (juro que já rolou dessas e a empresa nem era significativa), ou querer a capa da Veja ou Exame (isso é comum, sabemos), e você ser cobrada por uma cucaracha da matriz, baseada na maioria das vezes em Miami achando que você não obtém tais resultados por pura incompetência.

Ora, então dê o telefone de alguns jornalistas, daqueles bem estressados ou "mega"arrogantes (tipo aquele mocinho simpático de um dos maiores jornais diários de SP que tudo mundo detesta) e mande a gringolândia se virar com eles.

Esse tipo de cobrança acaba gerando uma turminha de assessores nada profissionais. Já vi cada coisa... Para cumprir meta de clipping, uma certa assessora bem conhecida no meio colocava o logo de um site bem famoso no Word junto com o release e mandava para o cliente... Isso se estende até hoje. Existem também aquelas agências em que vc mesma publica sua matéria, já viram? Cada uma...

segunda-feira, outubro 04, 2004

Colaboradora
O Efeito Pimenta ganha um novo gás hoje. A colaboradora Laura Vaz promete nos contar vááários babados sobre assessoria de imprensa e sus bastidores.
Sua primeira colaboração será via indireta. Mas depois, ela própria vai postar aqui.
Acompanhe!

Assessoria de Imprensa: o que é, para que serve?

Assessoria de imprensa é um trabalho ingrato e pouco valorizado, além de totalmente discriminado. Primeiro porque o cliente não entende o trabalho, acha que o fato do profissional ser responsável pelo relacionamento entre empresa/imprensa significa colocá-lo na capa de Exame imediatamente. Já o jornalista acha que o fato do assessor ser a fonte oficial da empresa significa que assessor tem que passar toda e qualquer informação não importa a hora nem o dia. E o chefão, o dono da assessoria (ou a dona, geralmente estressadíssima e arrogantérrima) acha que o assessor é um gênio da lâmpada mágica, pois prometem o impossível para o cliente e a equipe que se dane.

Para piorar, alguns jornalistas tendem a achar que o assessor é o repórter que não deu certo. Ora pois, se todos estudamos em um curso de Comunicação Social, não entendo essa visão. Um desses repórteres também tem um blog que aponta todas as falhas (que são muitas) dos assessores, mas ele mesmo não reconhece as falhas dele. A começar pela arrogância, aquele bichinho que faz o cidadão achar que sabe muito mais sobre comunicação e textos que os "produtores de releases". Achei muito cinismo desse rapaz escrever um post falando que assessor não deve soltar release para 200 neguinhos, e oferecer o material com exclusividade. Eu já cansei de oferecer material exclusivo para ele e nunca obetive uma resposta. Um sim, um não... Assim fica realmente difícil!

Assessoria é uma ferramenta para facilitar o trabalho do jornalista de redação que precisa de uma informação ou uma fonte sobre determinado assunto, desde que essa informação seja oficial e confiável. Para as empresas, a assessoria facilita a comunicação de suas principais mensagens para o público-alvo, através da imprensa. Ou seja, é um trabalho importantíssimo, que facilita a vida de muita gente, e, apesar das dificuldades, eu adoro fazer. O problema é que não há valorização. E a culpa de certa forma, é nossa também.

domingo, outubro 03, 2004

Nunca mais

Saiu a matéria de capa daquela famosa revista semanal. Meu, o cara que a fez me ligou umas trocentas vezes! A gente até brincava trocando o nome dele por "karma" e mantendo o sobrenome... Vai te catar... Deu um baita trabalho.... Pra quê?? Me diz, neguinho, pra quê?? Pra sair a matéria com duas míseras aspas com gente que não tem nada a ver com a empresa que eu assessoro... E pra citar en passant o nome do principal executivo da empresa que eu assessoro, dizendo que ele prevê que dificilmente a revolução digital vai chegar à... cozinha!!! Ah, faça-me um favor... Da próxima vez, por favor, não me ligue, tá bom? Mesmo porque eu não vou atender.
Tanto trabalho, tantas ligações, tantos almoços pagos pela empresa que eu assessoro, sendo que teoricamente ele não poderia aceitar... Pra isso???? A matéria tá completamente ridícula. Tá básica demais, não cita o produto da empresa nenhuma vez, não cita nenhuma das pessoas que o babaca entrevistou na empresa que eu assessoro pra poder dar os devidos créditos de onde ele tirou as informações. Eu odeio essa revista semanal. Odeio. Odeio. O cara não entende nada do trabalho de assessoria de imprensa e eu tô com muita, mas com muita raiva dele. Ele me ligou nas minhas férias pra me atormentar. Pra isso??? Me diz, neguinho, qualé???
Tô completamente irada, o cara estragou meu domingo, tenho vontade de picar a revista em mil pedacinhos. Ainda bem que tenho esse espaço pra desabafar.
Isso não é justo. Tô revoltada.
Meu, custava falar o nome das pessoas que ele entrevistou????? Que tipo de jornalismo marrom é esse que obtém as informações e depois não dá crédito às pessoas que a passaram???
Isso não é jornalismo e foi a última vez que li essa revista. Não quero mais saber dessa revista, nunca mais na minha vida. Quando eu for famosa, nunca vou dar entrevista pra essa revista.

segunda-feira, junho 28, 2004

Eventos e assessoria de imprensa
Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.

quinta-feira, abril 15, 2004

Vem na minha sala!
Êta frasezinha insuportável de se ouvir. Depois disso vem aquela situação em que a pessoa (no caso sua chefe) não deixa você falar, quanto mais pensar diferente dela. Mas até aí, tudo bem, acontece. Seria cômico se não fosse trágico. O pior de tudo é perceber que você é uma coisa descartável, que ela é capaz de tudo para não perder a conta, que é capaz de te descartar assim, como se estala os dedos. Está cheio de gente talentosa do lado de fora do mercado de trabalho.

Mas também não é por isso que a gente tem que ficar engolindo sapos.
- Se eu for te esperar para cada e-mail que vou mandar para jornalista, não vai dar certo.
Respondi.
Sempre fui respondona. Ia confessar (estudei em colégio de freiras) e meu pecado era sempre o mesmo:
- Respondi para minha avó.
O pior é que depois de "velha" não me acomodei. Continuo reclamona, quando vejo coisas erradas à minha volta. E são tantas coisas erradas! Só pareço calma e boazinha. Por dentro um furacão se agita dentro de mim, diante da injustiça.

Como uma chefe que te joga na fogueira e ainda assopra, p/ o fogo ir mais alto e forte, pode querer fidelidade? Isso já aconteceu duas vezes. Se eu ficar lá esperando pela terceira, é porque eu sou muito burra.

Como se não bastasse, aquele salário que você acertou quando começou a trabalhar lá virou um "prêmio". Ou seja, atrasa. Suas contas estão lá, os juros crescendo, a vergonha pelo atraso aumentando dia a dia.
- Por favor, quando eu vou receber o meu SALÁRIO?
Primeira resposta: por volta do dia 10. Sim, mas no dia 12, nada. O cheque da mensalidade da escola da filha, pré-datado para o dia 14, tem que ser segurado.
- Olha, é que eu ainda não recebi meu SALÁRIO, e por isso não pode depositar o cheque ainda, tá? Obrigada.
Falei bem alto. Para o cliente ouvir. De propósito.
Pergunto de novo:
- Quando vou receber meu SALÁRIO?
- Essa semana.
Estamos na terça, ainda. E a semana vai até sexta.

Não dá vontade de sair correndo? Dá. Dá sim. Eu mesma pergunto e respondo.

Sei lá. Vai ver que mereço isso. Piquei salsinha na tábua sagrada. Joguei pedra na cruz. Mas sou forte. Muto forte. E vou sobreviver.

Agora, vou à luta. Mais um round me aguarda. Espero não terminar com a cara na lona. Desculpe tantas metáforas, mas é que não me sinto confortável para ser mais direta.

Minha vida é uma luta de boxe. E pensar que escolhi ser jornalista...

terça-feira, março 30, 2004

LAR - Latin America Region
Encontro das agências de PR da América Latina: Cone Norte, Cone Sul, Brasil, México. Um monte de neguinho falando espanhol. Dois dias às voltas com o ar condicionado, os bufês de salgadinhos que provocam azia, as vaidades regionais and so on. Tive que fazer uma apresentação em inglês. Dou nota 3 pra mim. Apresentações não são coisas para todo mundo. De todos os presentes, só um tem o dom da palavra. Eu até posso ter o dom da palavra escrita. Mas falada... Tenho noção que tenho um longo caminho a percorrer. O power point matou a criatividade. E tenho dito. Vem com esse papinho de criatividade pra cima de mim, não.
Alê, pô, fala alguma coisa, né??

sexta-feira, março 12, 2004

Coletiva
Jornalista de redação pode não saber, mas o terror de todo assessor de imprensa é a coletiva. A gente sua frio, o coração acelera, tudo na maior adrenalina, enquanto os jornalistas não chegam, o cliente (pior quando se trata de um gringo) olha pra gente com aquela cara de "cadê todo mundo?". Mas com as redações cada vez mais enxutas, fica difícil garantir quórum. Então, a gente tem que usar algumas artimanhas para "encher" uma coletiva. Às vezes, a gente chama os amigos, outras vezes, umas jornalistas bonitas, de cabelo comprido e que falam inglês fluentemente. Essas são capazes de "encher" qualquer coletiva! Uma beleza!
E todo mundo fica feliz.
Sair a matéria no dia seguinte são outros quinhentos. O que importa na hora é o quórum e nada mais.

quarta-feira, março 03, 2004

Essa aqui vale a pena
Vou transcrever aqui, mas cito a fonte primeiro:
(Rosana, você é o máximo!)

Cabeleireiro dos famosos teme repercussão de entrevista

Descobriram a américa. Novidade total, um jornalista que faz uma entrevista e depois, publica outra coisa. Na verdade, uma matéria não é a transcrição do áudio do entrevistado. A matéria assinada traz, evidentemente, a interpretação de quem a escreve. É normal. Em alguns casos, claro, podem acontecer distorções horríveis, tendenciosas e mentirosas mas aí é outro caso, a pessoa que se sentir lesada que processe o jornalista.
Pessoalmente, não gostei de algumas coisas na matéria de Lúcia Monteiro, mas é questão de gosto apenas. Ela usa o termo "übermodel" para Gisele Bündchen, (achei pedante e nada original), repete a mais amaldiçoada das expressões 'quilinhos' e, sim, demonstra intenção em 'derrubar o colega'.
É só ler. Ela diz que ele 'faturou' um presente de Faustão, que ele se acha uma pessoa importante, chama clientes de 'fregueses', etc.

Ela tem razão em quase tudo que diz e está em seu papel. Ele, aceitou a entrevista por vaidade e, a vaidade, também tem seu preço.

De tudo isso, acho duas coisas: tem muito jornalista que tem inveja de quem é rico e tem muito rico sem formação que tem inveja da cultura do jornalista. Todo mundo inveja todo mundo, todo mundo mete o pau em todo mundo.

Mídia, teu nome é falsidade.

quinta-feira, fevereiro 19, 2004

Maria Asap Soares
Para a Maria, tudo tem que ser asap (as soon as possible).
- Você me manda o relatório asap, que eu preciso devolver para o Fulano.
- Preciso da tradução asap.
- O relatório tem que chegar aqui asap.
A banalização da expressão é tanta que chegou a virar piada entre os colegas, que juram de pé junto que Asap é o seu nome do meio.
Ninguém mais leva a sério os seus asaps.
É relatório, release, resposta para e-mail, tudo, tudo, tudo asap.
Dois dias, até quinta, para a semana que vem, nada disso faz parte do seu repertório.
O release sai no prazo, mas capenga.
Se houvesse mais tempo para escolher as palavras e pôr as vírgulas nos lugares certos tudo ficaria melhor. Mas não.
E a cobrança vem por todos os lados; e-mail, telefone, e até messenger.
É uma chuva de asaps. Você é bombardeado por asaps por todos os lados.

Só que a vida não é assim. Uma gravidez dura nove meses, uma semente para brotar leva um tempo, até mesmo um jornal precisa de um dia pelo menos para ser produzido e distribuído.

A Internet pode ser a culpada por criar seres como a Maria Asap Soares. Tudo é online, agora, aqui. Ninguém pode esperar. Mas a verdade é que o tempo é um conceito muito relativo e o meu asap pode ser diferente do asap dos outros.

O que fazer primeiro? Concentrar-se em uma correção de uma tradução ou gastar um tempo pensando nas melhores estratégias para o seu cliente conseguir mais espaço editorial no relatório anual do clipping da empresa?

Aí, entra a discussão sobre o que é “urgente” e o que é “importante”. O equilíbrio é delicado, é difícil conseguir trafegar nesse limite.

Quem sabe um dia a Maria Asap Soares compreenda isso e só acrescente a antipática expressão asap ao quem for realmente asap.

quinta-feira, fevereiro 12, 2004

De novo!
Quem algum dia teve a oportunidade de ver o seriado “Família Dinossauro” pode pensar que o título aí de cima tem alguma coisa a ver com o personagem Baby. Não.
Trata-se do mais novo vício de linguagem corporativa presente em algumas empresas de tecnologia com tanta força, que vai da recepcionista ao presidente da empresa. Todos, sem exceção, usam a expressão quando querem enfatizar algum ponto da conversa.
“De novo, o importante é notar que....”
A origem da mania está no “again” que os americanos adoram enfiar nas frases, sem a menor necessidade.
É incrível como essas manias lingüísticas têm a capacidade de estragar a nossa língua.